Eu sou manifestante, mas quem sou eu?

As manifestações se alastram pelo país e isso é muito positivo porque um gigante despertou aqui bem próximo, no íntimo, no ser. E agora? Como lidar com esse desconhecido que muito esteve dormente? Sempre remando atrás da frota, segundo a vontade dos que nos guiava e nos levava ao sabor dos seus próprios ventos. Por muito estivemos obedecendo as diretrizes desses governantes (que nós mesmos escolhemos— disso não podemos esquecer e nem mesmo fugir) por esse motivo temos que ser cautelosos e ao mesmo tempo precavido em relação à todas atitudes que tomarmos nesses dias em que podemos mudar o país. Primeiro: eu votei nos que estão aí. Não pedi uma camiseta em troca do meu voto. Não aceitei nenhuma "bolsa" para digitar na urna o nome do meu candidato - gostaria de uma "bolsa universidade - mas isso não é possível em um país que precisa importar profissionais formados para suprir a demanda de funcionários em lugares que deveria existir fila de espera. Quão nobre profissão abandonada ao acaso como o desleixo com os primeiros que os formam, nossos necessários professores. Não pedi nada, votei achando que ele faria o melhor pela maioria (pelo benefício de muitos eu me encaixaria, penso ser assim a democracia). Continuo não querendo muito e agindo assim participar do todo. Então gente, o nosso encontro com os políticos não deve ser só de quatro em quatro anos, tem que ser todo dia, em cada votação, em cada manifestação de uma lei votada, uma P E C, uma MP - será repetição? - mas sempre devemos cobrar, verificar, policiar. Não deixar só para os outros a culpa deles estarem lá. É necessário muitos votos para ocupar uma cadeira na casa que é do povo, mas que povo? Exatamente estes que estão nas ruas. Exatamente estes que colocamos lá. Exatamente estes que devem cobrar e no mínimo não ser taxado como povo tolo. Devem ser tratados como os que lhe deram a chance de representar esse mesmo povo com nobreza, com no mínimo, dignidade. Por isso me faço algumas perguntas: Eu quero ir para as ruas, mas qual o meu perfil ao sair e lutar pelos meus direitos? Estou esquecendo do direito do meu irmão, do meu vizinho, colega de trabalho, escola, etc? Qual a bandeira que estou levantando? Que gigante estava adormecido em mim? Qual o sentido de levantar e sair hoje? Sou partidário? Sou manifestante pacífico? Sou baderneiro? Como sair e voltar com o sentido de missão cumprida? O que posso fazer pelo meu país também (é... lembrar-me-ei de John F. Kennedy). Como conquistar finalmente a democracia pura, direta, sem precedentes (nem mesmo os gregos nos deixaram bons exemplos), sem acreditar que vai ser só mais uma época do país, mais um que saudade daquele tempo pelo menos... ? Quem escolher para governar um país que não quer mais migalhas? Quem escolher para não representar apenas aqueles que estavam com a mesma bandeira? Quem escolher para colocar lá e não agir da mesma forma que os que lá estavam? Afinal os que estão no poder já carregaram as bandeiras de hoje, já dormiram na calçada, enfrentaram tropas e prometiam que tudo seria diferente quando nos representassem. Quem vai estar lá para nos atender quando batermos à sua porta para cobrar aquela promessa - de campanha, claro - e sairmos da sua frente e sussurrar baixinho: próxima vez voto nele novamente. E como sair desta mesma sala com o peito cheio de honra e a sensação de que eu sou da parte de um povo que merece o governo que tem? Isso mesmo, eu mereço um governo honesto? Democrático? Fiel? Eu mereço o melhor, por isso vou para as ruas, quero justiça, democracia plena e direitos plenos e devo cumprir meus deveres em toda plenitude também.

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